16 de ago. de 2011

Saias masculinas


Nova moda mas­cu­lina faz com que o homem,agora sem estar vin­cu­lado à tri­bos liga­das apenas em cos­mé­ti­cos, esteja ple­na­mente rein­ven­tado com incor­po­ra­ção dos valo­res femi­ni­nos ao ves­tuá­rio prêt-à-porter.
Desde que reer­gueu a Gucci, Tom Ford pas­sou a sero homem das cami­sas eter­na­mente desa­bo­to­a­das. E se para alguns ele mais se asse­me­lha a um latin lover do ter­ceiro milê­nio, o que o boni­tão de quase cin­quenta quer demons­trar é a impe­ra­ti­vi­dade de um decote. Se antes eles eram res­tri­tos ape­nas às mulhe­res, que cri­a­ram uma série de maqui­na­rias para ele­var os pei­tos e opu­lar desejo, o pri­vi­lé­gio, agora, não é mais só delas. A gola V de cava baixa é a prin­ci­pal demons­tra­ção de que homem tam­bém deve usar decote. A odi­osa calça skinny com elas­tano usada livre­mente pelos meninos-musicistas que insis­tem em exi­bir as penas magras tam­bém denun­ciam que o novo homem é para lá de exi­bido e já não se con­forma ape­nas com ter­nos, cal­ças retas, cami­se­tas em gola redonda e algu­mas pou­cas peças no seu guarda-roupa.
E um bom sinal disso é a volta do Kilt que, ao lado do uís­que está no pacote de pri­mei­ras refe­rên­cias acerca da Escócia. Nas ruas de glas­gow os prin­ci­pais cli­ques dos por­tais de refe­rên­cia alu­dem à faci­li­dade de encon­trar jovens, espe­ci­al­mente ado­les­cen­tes, usando o equi­va­lente esco­cês do cocar. E quem con­fir­mou ainda mais isso foi a volta de uma amiga que fez um tour pela europa e foi pega de sur­presa desem­bar­cando no norte das ilhas britânicas.
Outro ponto forte dessa rein­ven­ção do jeito de ves­tir do homem está na atu­a­li­za­ção do ves­tuá­rio de alfai­a­ta­ria que há anos foi pra­ti­ca­mente rele­gada aos ter­nos de tra­ba­lho e tem que bri­gar muito com os jeans e a malha­ria indus­trial para encon­trar um lugar no guarda-roupa dos rapa­zes bra­si­lei­ros. Desde 2008 muita gente vem obser­vando que é pre­ciso, de fato, rein­ven­tar o look dos homens para manter-se na crista da onda. Sinal disso são desig­ners, como André Lima, que se dedi­ca­vam exclu­si­va­mente à roupa femi­nina tam­bém deci­di­ram criar para o sexo oposto. Até mesmo gri­fes de stre­etwear — como Alexandre Herchcovitch, Osklen, V.ROM, Redley e Reserva — estão apos­tando na resig­ni­fi­ca­ção visual do homem lan­çando mão daquilo que estava mais que incrus­tado, ape­nas, no tra­di­ci­o­nal: a alfaiataria.
E se agora a moda mas­cu­lina está mos­trando um novo homem, que fica con­for­tá­vel com valo­res até então atri­buí­dos ape­nas às mulhe­res, é a vai­dade mas­cu­lina que os faz esbar­rar no medo de escor­re­gar. E isso pode estar extre­ma­mente vin­cu­lada à neces­si­dade de trans­gres­são que foi atri­buida àque­les que usa­vam saias, ou que leva­vam às pas­sa­re­las mode­los tra­jando itens que, no pas­sado, esta­vam res­trito ape­nas às mulheres.
Definições — E se uma das fun­ções da roupa é demar­car os gêne­ros e dife­ren­ciar quem é macho e fêmea, a cul­tura e sua evo­lu­ção está aí para que isto é feito de forma dife­rente. Se no mundo oci­den­tal homens sem­pre ves­tem cal­ças, em cer­tas par­tes da Ásia e da África tanto homens quanto mulhe­res usam saia. Somente a par­tir do século 14 é que a roupa do homem se tor­nou intrin­se­ca­mente asso­ci­ada à mas­cu­li­ni­dade já que antes, tanto homens quanto mulhe­res se enro­la­vam em panos e túni­cas e somente no século 15, a túnica do homem foi ficando mais curta e aper­tada, enquanto aumen­tava o número de homens usando meia-calça. Capas lon­gas e casa­cões roda­dos, porém, per­ma­ne­ce­ram em moda, entre os homens até o iní­cio do século 20.
Desde os anos 60, vários esti­lis­tas de moda ten­ta­ram rein­tro­du­zir a saia como uma forma acei­tá­vel de um homem se ves­tir. Frequentemente pegando empres­tado aqui e ali de cul­tu­ras e eras diver­sas, alguns desig­ners inven­ta­ram e rein­ven­ta­ram a saia para homem. Mas em alguns momen­tos, estas rou­pas foram ado­ta­das pela contra-cultura, com gru­pos como hip­pies, punks e os novos român­ti­cos ado­tando a saia como um sinal de anar­quia. Os gays tam­bém ado­ta­ram a saia como um sím­bolo de um estilo de vida alternativa.
Mais recen­te­mente, a saia foi usada como uma forma de mos­trar que um homem pode estar na moda. E isto pode ser feito por homens que têm poder de for­ma­do­res de opi­nião como espor­tis­tas, estre­las pop ou artis­tas de cinema. Músicos como Caetano Veloso e Gilberto Gil e o joga­dor de fute­bol inglês, David Beckham — num mode­lito assi­nado por Jean-Paul Gaultier — foram notí­cia na imprensa por usa­rem saias ou sarongues.







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